domingo, 22 de março de 2015

Plano de Curso: Angola

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO DE JANEIRO
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
Disciplina:  Angola (1901 – 1961): sociedade e política
Professor: Washington Santos Nascimento
Blog: africauerj.blogspot.com.br




EMENTA:

História, Literatura e Memória. Angola: do século XIX ao século XX. O Império Português: legislação e ideologia. Angola Colonial: entre o rural e o  urbano. A sociedade angolana. Os movimentos de resistências e os caminhos para luta armada


OBJETIVO GERAL:
·         Traçar um panorama social e político de Angola na primeira metade do século XX.


OBJETIVOS ESPECÍFICOS
·         Entender os processos de ocupação portuguesa e de resistência angolana desde o século XIX ao século XX.
·         Perceber o processe de ocupação do campo e das cidades angolanas, sobretudo depois dos anos quarenta.
·         Entender os imbricados processos de formação da sociedade angolana.
·         Compreender os processos de tomada de consciência e as razões que conduziram os angolanos a luta armada em 1961.


 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

I - HISTÓRIA, LITERATURA E MEMÓRIA.

II - ANGOLA: DO SÉCULO XIX AO SÉCULO XX

III - O IMPÉRIO PORTUGUÊS EM ANGOLA (SÉCULO XX)
3.1 - O governo salazarista e a política de assimilação colonial  (1926 – 1954)
3.2. - O lusotropicalismo e a ideologia colonial

IV - ANGOLA COLONIAL: ENTRE O RURAL E URBANO
4.1 - Universo rural: a estruturação econômica, a dimensão política e a inserção portuguesa.
4.2 - Universo urbano: cisões e racialização topográfica

V – ANGOLA: SOCIEDADE (SÉCULO XX)
5.1 - Angola e Luanda nos anos 40: a chegada dos portugueses e o aumento das tensões sociais
5.2 - A formação das elites crioulas e as questões identitárias
5.3 - As novas elites: os “novos assimilados”.
5.4 - Os nativos (“indígenas”) e os musseques

VI - OS MOVIMENTOS DE RESISTÊNCIAS E OS CAMINHOS PARA A LUTA ARMADA
6.1 - O Nacionalismo: da Liga Nacional Africana a casa dos Estudantes do Império
6.2 – Os movimentos de resistência e o caminho para a luta armada
6.3 – O início da luta armada

CRITÉRIOS AVALIATIVOS

·         Construção de um artigo científico que trate de um dos temas da disciplina, utilizando no mínimo uma obra literária e cinco textos utilizados durante o semestre.
·         Duas datas de entrega: aula 8 e aula 15.
·         Mínimo de 15 e máximo de 30 páginas. (Já inclusos os elementos pré e pós textuais).
·         Fazer uso das normas da ABNT
·         Trabalho individual.



PROGRAMAÇÃO


Semana 1 : Discussão Geral da disciplina

Apresentação coletiva, discussão do plano, bibliografia,  avaliações e apresentação de fontes documentais.

ALBUQUERQUE JÚNIOR,  Durval Muniz de.  A hora da estrela: história e literatura, uma questão de gênero? In: História: a arte de inventar o passado. Bauru: Edusc, 2007, p. 43-51.

PRATT, Maire Louise. Introdução: crítica na zona de contato. In: PRATT, Maire Louise. Os Olhos do Império: relatos de viagem e transculturação. Bauru/São Paulo: EDUSC, 1999.


Semana 2 - História, literatura e memória.

FONSECA, Maria Nazareth Soares. Literatura e “Arquivos da Memória”: Negociação e Dispersão dos Sentidos. In: SECCO, Carmem Tindó; SALGADO, Maria Teresa; JORGE, Silvio Renato (Org.). África, Escritas Literárias. Rio de Janeiro: Editora UFRJ; Angola: Editora UEA, 2010.

LEITE, Ana Mafalda. Empréstimos da oralidade na produção e crítica literárias africanas In: LEITE, Ana Mafalda. Oralidades & escritas pós-coloniais: estudos sobre literaturas africanas. Rio de Janeiro: EDUERJ, 2012.

ROSÁRIO, Lourenço Joaquim da Costa. Reflexões sobre as narrativas de tradição oral. In: ROSÁRIO, Lourenço Joaquim da Costa. A Narrativa Africana de expressão oral: transcrita em português.Lisboa: Instituto de Cultura e Língua Portuguesa; Luanda: Angolê, 1989.


Semana 3 -  Angola: do século XIX ao século XX

FREUDENTHAL, Aida Faria. Angola In: MARQUES, A. H. de Oliveira e SERRÃO, Joel (dir). (coord do vol.). Nova História da Expansão Portuguesa. Volume XI – O Império Africano: 1890-1930. 1ª. Edição: Lisboa, Editorial Estampa, 2001. (p.259 a 306).


Semana 4 – Um marco do processo de resistência: “Voz de Angola clamando no deserto” (1901).

MORENO, Helena Wakim. Voz d´Angola clamando no deserto: protesto e reivindicação em Luanda (1881-1901). Mestrado em História Econômica. Universidade de São Paulo, 2014.

VÁRIOS. Voz de Angola clamando no Deserto. Lisboa: Edições 70/União dos Escritores Angolanos, 1984.


Semana 5 -  O governo salazarista, a política de assimilação colonial e o lusotropicalismo (1926 – 1954).

MENESES, Maria Paula G. “O ‘indígena’ africano e o colono ‘europeu’: a construção da diferença por processos legais”. In E-Cadernos CES: Identidades, cidadania e Estado, no. 7, 2010.

NASCIMENTO, Washington Santos. “Indígenas”, “assimilados” e a legislação colonial portuguesa em Angola. (1926-1961) (No prelo)

Castelo, Claudia. O modo português de estar no mundo : o luso-tropicalismo e a ideologia colonial portuguesa (1933-1961), Porto, Edições Afrontamento, 1999, 166 p.


Semana 6 - O Universo rural da Angola colonial: a estruturação econômica e a presença missionária

NASCIMENTO, Washington Santos. A ocupação econômica do interior angolano In: NASCIMENTO, Washington Santos. Gentes do Mato: os "novos assimilados" em Luanda. Tese de Doutorado. Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013.

NASCIMENTO, Washington Santos. Minha mãe me entregou nas mãos do professor para fazer de  mim o que quisesse e pudesse”:  memórias da educação escolar em Angola. Revista HISTEDBR On-line. , v.55, p.231 - 249, 2014.


Semana 7 e 8 -  Universo urbano: cisões e racialização topográfica

CASTELO, Cláudia Passagens para África. O Povoamento de Angola e Moçambique com Naturais da Metrópole, Porto, Edições Afrontamento, 2007 (Capítulos: “Estudo Sociográfico da migração portuguesa” e “Barreiras raciais, conflitos e discriminação”).

NASCIMENTO, Washington Santos. Das Ingombotas ao Bairro Operário: transformações, trânsitos e memórias do espaço urbano luandense. (Angola, 1940-1960). (Texto inédito)

VIEIRA, José Luandino. A fronteira do asfalto In: VIEIRA, José Luandino. A cidade e a infância. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. 136 p.

VIEIRA, José Luandino. Luuanda. São Paulo: Companhia das Letras, 2004. 136 p.


Semana 9 :  A formação das elites crioulas e as questões identitárias.

DIAS, Jill. Uma Questão de Identidade: Respostas Intelectuais às Transformações Econômicas no Seio da Elite Crioula da Angola Portuguesa entre 1870 e 1930. Revista Internacional de Estudos Africanos, 1984. 

NASCIMENTO, Washington Santos. Gentes do Mato: os "novos assimilados" em Luanda. Tese de Doutorado. Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013. (1.3 –  Os “antigos assimilados”: as famílias crioulas e a assimilação colonial e 1.3.1 - Os crioulos: de “civilizados” a “assimilados”)

ANTÓNIO, Mario. Crônica da cidade estranha. Salvador; Luanda: Edições Maianga, 2004.


Semana 10:  As novas elites: os “novos assimilados”.

NASCIMENTO, Washington Santos. Gentes do Mato: os "novos assimilados" em Luanda. Tese de Doutorado. Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013. (Capítulo III. Tornando-se um assimilado: o processo legal e a construção de identidades) ou artigo em construção sobre Uanhenga Xitu

XITU, Uanhenga. Mestre Tamoda. Luanda: Edições Maianga, 2004.
_____. Manana. Lisboa: Edições 70, 1978.


Semana 11 e 12 - Os nativos (“indígenas”) e os musseques.

BETTENCOURT, Andrea. Os musseques de Luanda. Lisboa: Dissertação para obtenção do grau de mestre em Arquitectura, Faculdade de Arquitectura – Universidade Técnica
de Lisboa, 2011.(Capítulo: 3.3 Musseque _ Origem . População . Modo de vida . Conceito).

AMARAL, Ilídio. Luanda e os seus “muceques”, problemas de geografia urbana. In: Finisterra. - vol.XVIII, nº 36 (1983)

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SANTOS, Arnaldo In:  SANTOS, Arnaldo. Kinaxixe e Outras Prosas. São Paulo: Ática, 1981.

VIEIRA, José Luandino. Nosso musseque. Lisboa: Editorial Caminho, 2003.


Semana 13 e 14: O Nacionalismo: da Liga Nacional Africana a Casa dos Estudantes do Império

ANDRADE, Mário Pinto de. Origens do nacionalismo africano – continuidade e ruptura nos movimentos unitários emergentes da luta contra  a dominação colonial portuguesa: 1911-1961. Lisboa: Dom Quixote, 1997.

RODRIGUES, Eugénia.  A geração silenciada: a Liga Nacional Africana e a representação do branco em Angola na década de 30. Porto: Edições Afrontamento, 2003.

CASTELO, Cláudia . Casa dos Estudantes do Império: lugar de memória anticolonial. In7º Congresso Ibérico de Estudos Africanos,9, Lisboa,  2010  - 50 anos das independências africanas: desafios para a modernidade : actas [Em linha]. Lisboa: CEA, 2010.


Semana 15 - Os movimentos de resistência e os caminhos para a luta armada

VIEIRA, José Luandino. A vida verdadeira de Domingos Xavier. São Paulo: Ática, 1977.

ZAMPARONI, Valdemir. D. . Ficção e História em A Vida Verdadeira de Domingos Xavier. Polifonia (UFMT), Cuiabá, v. 01, p. 160-180, 1993.


Semana 16 – O Início da Luta armada

MATEUS, Dalita Cabrita e MATEUS, Álvaro. Antecedentes da guerra colonial em Angola In: MATEUS, Dalita Cabrita e MATEUS,Álvaro: Angola 61. Guerra e Mateus, colonial: causas e consequências. O 4 de Fevereiro e o 15 do Março. Texto Editores, Lda., Alfragide, 2011

SILVEIRA, Maria Anabela Ferreira. A Baixa de Cassange: prenúncio da luta armada in Revista Porto, publicação semestral do Programa de Pós Gradução em História da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Brasil, nº3 (2013).

Semana 17 e 18 – Apresentação e debate em torno dos artigos construídos

Debate coletivo sobre os artigos apresentados.


BIBLIOGRAFIA


Fontes literárias

ANTÓNIO, Mario. Crônica da cidade estranha. Salvador; Luanda: Edições Maianga, 2004.

SANTOS, Arnaldo Kinaxixe In:  SANTOS, Arnaldo. Kinaxixe e Outras Prosas. São Paulo: Ática, 1981.

VIEIRA, José Luandino. A fronteira do asfalto In: VIEIRA, José Luandino. A cidade e a infância. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
_____. Luuanda. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
_____. Nosso musseque. Lisboa: Editorial Caminho, 2003.
_____. A vida verdadeira de Domingos Xavier. São Paulo: Ática, 1977.

XITU, Uanhenga. Mestre Tamoda. Luanda: Edições Maianga, 2004.
_____. Manana. Lisboa: Edições 70, 1978.



Artigos, teses, dissertações, capítulos e livros

ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz de.  A hora da estrela: história e literatura, uma questão de gênero? In: ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz de.  História: a arte de inventar o passado. Bauru: Edusc, 2007, p. 43-51.

AMARAL, Ilídio. Luanda e os seus “muceques”, problemas de geografia urbana. In: Finisterra. - vol.XVIII, nº 36 (1983)

ANDRADE, Mário Pinto de. Origens do nacionalismo africano – continuidade e ruptura nos movimentos unitários emergentes da luta contra  a dominação colonial portuguesa: 1911-1961. Lisboa: Dom Quixote, 1997.

BETTENCOURT, Andrea. Os musseques de Luanda. Lisboa: Dissertação para obtenção do grau de mestre em Arquitectura, Faculdade de Arquitectura – Universidade Técnica de Lisboa, 2011

CASTELO, Cláudia . Casa dos Estudantes do Império: lugar de memória anticolonial. In7º Congresso Ibérico de Estudos Africanos, 9, Lisboa,  2010  - 50 anos das independências africanas: desafios para a modernidade : actas [Em linha]. Lisboa: CEA, 2010.
_____. Passagens para África. O Povoamento de Angola e Moçambique com Naturais da Metrópole, Porto, Edições Afrontamento, 2007.
_____. O modo português de estar no mundo : o luso-tropicalismo e a ideologia colonial portuguesa (1933-1961), Porto, Edições Afrontamento, 1999, 166 p.
                                           
CONCEIÇÃO NETO, Maria. “O Luso, o Trópico…e os Outros (Angola, c.1900-1975) In: A Dimensão Atlântica da África: Atas da II Reunião Internacional de História de África, CNPQ, 1997, pp.117-122

DIAS, Jill. Uma Questão de Identidade: Respostas Intelectuais às Transformações Econômicas no Seio da Elite Crioula da Angola Portuguesa entre 1870 e 1930. Revista Internacional de Estudos Africanos, 1984. 

FONSECA, Maria Nazareth Soares. Literatura e “Arquivos da Memória”: Negociação e Dispersão dos Sentidos. In: SECCO, Carmem Tindó; SALGADO, Maria Teresa; JORGE, Silvio Renato (Org.). África, Escritas Literárias. Rio de Janeiro: Editora UFRJ; Angola: Editora UEA, 2010.

HENRIQUES, Isabel Castro. "A historiografia colonial e a rejeição da história africana" In: HENRIQUES, Isabel Castro. Percursos da Modernidade em Angola: Dinâmicas comerciais e transformações socisais no século XIX. 1ª ed. Lisboa: Instituto de Investigação Cientifica Tropical; Instituto da Cooperação Portuguesa, 1997

FREUDENTHAL, Ainda Faria. Angola In: MARQUES, A. H. de Oliveira e SERRÃO, Joel (dir). (coord do vol.). Nova História da Expansão Portuguesa. Volume XI – O Império Africano: 1890-1930. 1ª. Edição: Lisboa, Editorial Estampa, 2001. (p.259 a 306).

MATEUS, Dalita Cabrita e MATEUS, Álvaro: Angola 61. Guerra colonial: causas e consequências. O 4 de Fevereiro e o 15 do Março. Texto Editores, Lda., Alfragide, 2011

MENESES, Maria Paula G. “O ‘indígena’ africano e o colono ‘europeu’: a construção da diferença por processos legais”. In E-Cadernos CES: Identidades, cidadania e Estado, no. 7, 2010.

NASCIMENTO, Washington Santos. Minha mãe me entregou nas mãos do professor para fazer de  mim o que quisesse e pudesse”:  memórias da educação escolar em Angola. Revista HISTEDBR On-line. , v.55, p.231 - 249, 2014.
_____.  Gentes do Mato: os "novos assimilados" em Luanda. Tese de Doutorado. Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013.

PRATT, Maire Louise. Os Olhos do Império: relatos de viagem e transculturação. Bauru/São Paulo: EDUSC, 1999.

RODRIGUES, Eugénia.  A geração silenciada: a Liga Nacional Africana e a representação do branco em Angola na década de 30. Porto: Edições Afrontamento, 2003.

SILVEIRA, Maria Anabela Ferreira. A Baixa de Cassange: prenúncio da luta armada in Revista Porto, publicação semestral do Programa de Pós Gradução em História da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Brasil, nº3 (2013).

ZAMPARONI, Valdemir. D. . Ficção e História em A Vida Verdadeira de Domingos Xavier. Polifonia (UFMT), Cuiabá, v. 01, p. 160-180, 1993.



FREUDENTHAL, Aida. A Baixa de Cassange: algodão e revolta. Revista Internacional de Estudos Africanos, Lisboa, Instituto de Investigação Científica Tropical/Centro de Estudos Africanos e Asiáticos, n. 18-22, p.245-283, 1995/1999.

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